quinta-feira, 25 de outubro de 2007

46

Eram quase 13 horas e Ricardo devia estar mesmo a chegar. Carla sentia-se ansiosa. Qualquer coisa na mensagem de Ricardo a havia deixado inquieta. O que teria acontecido para que a palavras dele fossem tão distantes e frias? Não conseguia cogitar o que quer que fosse que pudesse justificar tal atitude. Estava confusa. Se, por um lado, queria afastar-se de Ricardo e parecia estar perante a oportunidade de que estava à espera, por outro sentia que poderia estar a perdê-lo naquele entretanto e isso deixava-a assustada. Aquele homem parecia significar mais para ela do que havia imaginado.

Sentiu o telemóvel vibrar e viu o nome dele a piscar no visor. Já estava pronta e não se demorou a descer. Entrou no carro e ficou expectante. Ricardo deu-lhe um beijo suave nos lábios, e arrancou. Ficaram em silêncio todo o caminho. Andaram imenso tempo e Carla teve a sensação de andar em círculos. Parecia que Ricardo não sabia muito bem para onde ir. De qualquer forma, não se admirou quando pararam à porta de sua casa.

- Já deves ter percebido que precisamos de conversar sobre um assunto muito sério. Depois de andarmos às voltas percebi que o único local onde poderíamos conversar seria em tua casa. E já vais perceber porquê. - disse Ricardo, quebrando, finalmente, o silêncio, para continuar de seguida, - Só queria pedir-te que mantivesses o Tomás longe de casa. Vamos ter uma conversa de adultos e não gostava que ele ouvisse. Gosto muito dele, sabias? -, e dizendo isto acariciou-lhe o rosto e beijou-a mais uma vez.

Mesmo sem perceber o porquê daquele pedido estranho, Carla telefonou ao Pai pedindo-lhe que fosse buscar Tomás ao colégio, dizendo que passaria em sua casa para o ir buscar, mais tarde. Saíram do carro e subiram. Quando Carla fechou a porta atrás de si, viu que Ricardo a olhava de uma forma estranha e intensa. Aquele não era o homem por quem se havia apaixonado. O seu olhar estava triste e, quase se arriscava a pensar que, magoado, também.

E Ricardo começou a falar.

- Tenho pensado muito nos últimos tempos. Podia estar aqui com rodeios, explicar-te os porquês das minhas dúvidas, dizer todas as coisas que me dei a trabalho de ensaiar na última noite, mas só há uma forma de saber o que quero, de esclarecer de uma vez as dúvidas que me assolam, e de perceber se sou, ou não, um homem livre para te amar. -, dizendo isto Ricardo respirou fundo e formulou a pergunta, - O Tomás é filho do Miguel?

Carla sentiu que o chão se abria sobre os seus pés. Parecia que um buraco negro a sugava para a escuridão imensa do infinito. Sentiu a sua mente ser invadida por uma quantidade indescritível de perguntas e depois o nada. Deixou de ver, deixou de ouvir, perdeu as forças nas pernas, e desmaiou.

Quando acordou estava deitada na sua cama, com Ricardo a seu lado, a segurar-lhe na mão.

- Estás bem? -, perguntou-lhe ele num tom preocupado.

- Estou um pouco tonta, mas estou bem. Ricardo… -, preparava-se para dizer algo mais, mas Ricardo colocou-lhe o dedo sobre os lábios.

- Descansa. Conversamos depois. -, disse-lhe ele.

- Não. Temos de conversar agora. Fizeste-me uma pergunta directa, e eu tenho de te responder. Mas peço-te que me ouças até ao fim, e que não me julgues antes de eu ter terminado. -, quando Carla disse estas palavras, Ricardo percebeu o que se lhes seguia e foi com uma dor imensa no peito que escutou as que de seguida saíram da boca da mulher que amava, - Sim, o Tomás é filho do Miguel…

2 comentários:

Anónimo disse...

ainda bem que regressaram!! aguardo ansiosamente o desenrolar da história!

Maria disse...

Anónimo - O 47 está pronto a sair. 5ª será publicado! E o 48 também está na calha. A culpa deste hiato temporal de ausêmnncia é minha! Isto de mudar de vida tem os seus "senãos". Mas agora que tudo está a entrar na normalidade tentaremos ser mais regulares!

Beijinhos,

Maria