quinta-feira, 28 de junho de 2007

12

Ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido. “Não consigo acreditar que aquele artolas me deixou pendurada, não consigo mesmo”, pensava Carla insistentemente. Mas tinha de libertar a mente daqueles pensamentos. Eduardo telefonara-lhe logo cedo para avisar que chegaria com Leonor por volta da hora do almoço. E era nisso que tinha de concentrar-se. De repente, um outro pensamento tomou de assalto a sua mente – a pergunta que Tomás lhe havia feito na noite anterior – “Mamã, porque é que os outros meninos têm um Papá e eu não?”. Tremia só de pensar que um dia teria de revelar ao filho a identidade do Pai.

Por volta das 13hs, Eduardo chegou com Leonor a casa de Carla. Quando abraçou o Primo, Carla sentiu-se mais protegida. Tinha urgência em contar-lhe o que havia acontecido na última semana – o acidente de carro, as perguntas de Tomás, a tampa de Ricardo e o reencontro com Miguel. Sabia, exactamente, o que é que Eduardo lhe diria em seguida, mas sentia que ainda não era altura de revelar toda a verdade. Sentia que, no momento em que o fizesse, a sua vida iria mudar para sempre. A sua e a de Tomás. E ainda não podia fazê-lo.

A conversa correu sem muitos problemas. Eduardo e Carla explicaram a Leonor tudo o que havia acontecido há sete anos atrás. No início foi complicado para Leonor compreender os porquês que haviam levado Carla e Eduardo a manter aquela mentira durante tantos anos. Mas depois percebeu que a dita “mentira” não havia passado do papel. Tomás não sabia que Eduardo o havia registado em seu nome e que para o menino aquele era apenas o seu Tio Dado. No final da conversa acordaram, os três, que a situação se manteria até que Carla considerasse que havia chegado o momento certo para revelar a verdade. No entanto, Carla havia ficado com a certeza de que a verdade viria à tona mais cedo do que esperava.

Enquanto Carla conversava com Eduardo e Leonor, Ricardo recebia notícias de Miguel. Afinal não tinha acontecido nada de mais ao amigo. Mas a verdade é que Ricardo não ganhara para o susto. Para além de ter deixado Carla pendurada.

No dia anterior, Ricardo preparava-se para sair da empresa quando o seu telemóvel tocou. Do outro lado, uma funcionária do Hospital de São João perguntava-lhe se conhecia o Sr. Miguel Lopes Menezes.

- Sim, conheço. Sou o melhor amigo dele. Mas passa-se alguma coisa? – questionara Ricardo, num tom preocupado.

- O Sr. Miguel Menezes sofreu um acidente. Parece que adormeceu ao volante, por volta das 18hs. – respondera-lhe a funcionária, meio atrapalhada com a situação caricata que se encontrava a relatar.

- Mas ele magoou-se muito?

- Sim, bastante. Tem algumas fracturas. E vai ter de ficar internado, pelo menos, uns dias. Só precisava que nos trouxesse os documentos do Sr. Miguel Lopes Menezes, porque as únicas coisas que encontramos foram um cartão de visita seu e o cartão da empresa onde o Sr. Miguel trabalha. E precisamos dos documentos dele.

- Com certeza. Vou ver o que consigo fazer e depois passo aí.

Depois de desligar aquela chamada, Ricardo pegara novamente no telefone e ligara para a empresa de Miguel para saber se ele, por mero acaso, não teria deixado a carteira esquecida por lá. Confirmado o esquecimento, e passados 20 minutos, Ricardo entrava no gabinete de Miguel para ir buscar a carteira. “Aquele cabeça no ar!”, pensara Ricardo. De seguida dirigira-se para o Hospital, e acabara por esquecer-se, completamente, do jantar com Carla. Quando se lembrou é que se deu conta de que o único contacto dela que tinha era o telefone da empresa. Nunca antes se havia esquecido de pedir o número de telemóvel a uma mulher bonita, e da primeira vez que se havia esquecido tinha de acontecer-lhe aquilo. Bolas! Quase podia apostar que ela não iria acreditar nos seus motivos. Mas segunda-feira logo falaria com ela e tentaria explicar-lhe a situação. Acabara por sair tardíssimo do Hospital. Não avisara os Pais de Miguel, de imediato, para não os preocupar. Mas uma coisa era certa, o amigo teria de explicar-lhe como é que havia adormecido ao volante às 18hs da tarde!!!

As informações que a enfermeira tinha acabado de lhe dar eram boas. Miguel estava a reagir bem ao tratamento, apenas se queixava de imensas dores. Depois de receber as boas novas, e de informar oas Pais de Miguel do ocorrido, Ricardo deu consigo a pensar em Carla outra vez. Só tinha visto aquela mulher uma vez, e parecia que havia ficado fascinado. Desde que Beatriz havia terminado com ele, Ricardo tornara-se um verdadeiro Don Juan, fazendo jus à fama que adquirira na Faculdade, antes de conhecer a ex-namorada. Desde então que quase nenhuma mulher bonita conseguia resistir-lhe. Mas sentia que Carla era diferente. Talvez fosse pelo mistério que a envolvia, talvez fosse pelo facto de ela não se ter rendido à primeira troca de olhares, ou, então, talvez fosse apenas pelo facto de nunca ter encontrado uma mulher que lhe parecesse tão forte e tão frágil ao mesmo tempo. Fosse qual fosse o motivo, a verdade é que sentia uma necessidade imensa de se justificar e de que ela acreditasse em si. Segunda feira logo veria como correria a conversa que imperava ter. Mas naquele momento tinha outra preocupação – descobrir o que havia acontecido com Miguel e as verdadeiras razões daquele acidente.

4 comentários:

Anónimo disse...

ah... a paixão.... e o amor à primera vista, talvez? estou deveras curiosa! aguardo ansiosamente terça que vem! bjos aos dois, magnífico trabalho!

Maria disse...

Alex - Obrigada pelo elogio! A ver vamos como será o episódio de amanhã! Até eu estou curiosa!!!

Beijinhos,

Maria

Anónimo disse...

Humm, isto está a ficar interessante. porque raio o Miguel teve um acidente áquelas horas? como se desenrolará o romance? inda vai ser um triângulo amoroso, ã? Nunca mais chega o XIII!!! ainda queria lê-lo antes de ir dormir :P

parabens aos dois!

GMSMC disse...

Tiago,

Obrigado pelo teu comentário. Quanto ao futuro, neste caso, acho que nem Deus sabe. Um triângulo amoroso, dizes tu... É uma ideia, como outras que nos vão assaltando a mente. Falando por mim, depende também um pouco do estado de espírito.
Espero que o XIII tenha valido a pena a espera e que continue a agradar. Quanto ao acidente, Miguel vai ter mesmo de dar uma boa explicação...

Um abraço,
GMSMC