terça-feira, 11 de setembro de 2007

33

Contra a sua vontade, Miguel acabou por ir para casa dos pais. Depois de sete meses a viver na sua própria casa, sentia-se estranho por regressar à dos Pais, ainda por cima naquelas condições. Mas o médico havia sido peremptório ao dizer-lhe que teria de ficar em repouso durante pelo menos mais uma semana, e que não poderia fazer esforços. Perante tais argumentos, e por mais que lhe tivesse custado, havia sido obrigado a ceder. Mesmo assim, mesmo sendo obrigado a estar em casa dos Pais por força das circunstâncias, Miguel não conseguia sentir-se mais confortável.

Depois de estar instalado, ficou a sós com Ricardo. Olhou o amigo e, sem qualquer hesitação, perguntou-lhe o que se passava.

- Vais dizer-me o que se passa, ou não? Pareces uma barata tonta, aí a andar de um lado para o outro. Fala de uma vez!!!

Ricardo respirou fundo, como se procurasse coragem para começar a falar. Tinha receio das perguntas, mas conseguia tê-lo mais das respostas. Voltou a respirar fundo, mas acabou por perder a coragem.

- Não é nada relevante. Falamos depois. Mulheres...

- Não me digas que é a Beatriz outra vez?

- Não, nada disso. Depois conto-te tudo, com calma. Agora precisas de descansar. Vou-me embora! Vê lá se não te metes em aventuras, se não em vez de uma semana só de cama, ainda tens de ficar mais um mês. Cuida-te, rapaz – e, dizendo isto, Ricardo saiu do quarto do amigo, despediu-se rapidamente dos seus Pais e saiu para a rua.

Precisava de pensar. Todas aquelas dúvidas o atormentavam. Fechou os olhos e pensou em Carla. Precisava de a ver. E sabia que não ia conseguir resistir muito mais tempo. Pegou no telemóvel e ligou-lhe. Do outro lado tocou uma, duas, três vezes, e à quarta Carla atendeu.

- Olá Ricardo. Não estava à espera que me ligasse. Não depois da forma como nos despedimos, da última vez...

- Estou com saudades suas, Carla. Preciso de a ver. Não diga que não, por favor.

- O Tomás vai jantar com o meu Pai hoje. Podemos jantar. O que me diz?

- Às 19h30 passo aí. Jantamos em minha casa. Pode ser?

Apesar de estranhar o convite para jantar na casa de Ricardo, Carla aceitou-o.

Quando desligou o telefone deu-se conta de que eram 18h30. Já só tinha uma hora para se despachar. Agora que estava em casa, pelo menos até as suas aulas na Faculdade começarem, tinha muito mais tempo livre. O regresso do Pai à empresa tinha sido providencial.

Aquela hora passou, e Ricardo deu-lhe um toque para avisar que havia chegado e estava à sua espera. Desceu e entrou no carro dele. Sentiu-se tremer como se fosse uma adolescente. Não sabia o que esperar daquele jantar. Teria de esperar para ver.

Ao entrar em casa de Ricardo, foi surpreendida com a mesa posta e as velas a arder. Voltou-se para trás e olhou Ricardo nos olhos. E, naquele momento, o mundo à sua volta desapareceu. Quando se deram conta estavam nos braços um do outro, envolvidos num beijo intenso e profundo, que nenhum dos dois tinha vontade que terminasse.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ai, ai....